Tudo começa com um jovem, chamado Eugene Jones, que acorda e vê seu corpo morto, estirado no chão, após um atropelamento. O espírito de Eugene não tem memória dos incidentes que levaram até a sua morte, mas ele reconhece a equipe de campo de Torchwood, que foi trazida para investigar o acidente. Acontece que a equipe o conhecia, mas não tinha uma boa impressão dele. Seu celular toca, e Gwen atende, explicando à mãe de Eugene, do outro lado da linha, que seu filho é morto. Ao desligar, ela vê fotos de sapatos casuais, e resolve investigar.

O resto do episódio é uma coletânea de flashbacks do passado de Eugene, entrecortados com a investigação de Gwen no presente. E assim vamos conhecendo a vida de Eugene. Quando criança, ele era um gênio em matemática, mas num concurso entre escolas, ele tem um branco, a escola perde e ele desaponta seu pai. Eugene carrega a culpa de achar que o pai abandonou a família na mesma noite apenas por causa da sua derrota, apesar de mentir para si mesmo que o pai foi trabalhar nos Estados Unidos. O seu professor de ciências, tentando alegrá-lo, dá-lhe um objeto parecido com um olho, diz que caiu do céu... E isso acende nele a curiosidade pela vida extraterrestre. Eugene torna-se um ufólogo amador, e aproxima-se de Torchwood várias vezes, sem sucesso.

O que levou à sua morte começa quando ele resolve vender o "olho alienígena" no eBay, para comprar passagens para a Austrália para a sua colega de trabalho, Linda. Não houve lances no início, mas seguiram até chegar a algumas centenas de libras. Um lance surpresa de 15 mil libras é feito no final do leilão, e Eugene pensa que é o "dono" do olho, o alienígena que o perdeu. Mas ainda houve um lance maior, de £15,005.50. Eugene contacta os compradores e encontra-os no Happy Cook, um restaurante próximo ao seu local de morte. Lá ele descobre que quem comprou o olho era Gary, seu amigo e colega de trabalho, e Josh, um atendente de uma locadora, e também conhecido seu. A sua intenção era de levantar a moral de Eugene, mas quando um colecionador ofereceu um valor muito alto, eles perceberam que se tivessem o olho, poderiam revendê-lo por esse valor alto. Sim, Eugene foi enrolado até pelos seus amigos. Ele engole o olho, e acaba tirando fotos dos pés de Gary, Josh e da garçonete, no caso de ele precisar de evidências posteriores. Depois, ele foge do restaurante, escapando de Gary e Josh, mas sendo atropelado. Gwen segue todos os seus passos, e descobre a verdade através da sua mãe, Linda, Gary e Josh.

No presente, Jack revela a Gwen que aquele objeto é um sexto olho Dogon. Se alguém ingerí-lo, essa pessoa poderá ter uma perspectiva mais clara do seu passado, já que é um olho que fica nas costas dos Dogom. Gwen descobre que o pai de Eugene trabalha numa oficina mecânica ali perto (não é nos Estados Unidos), e o informa da morte do filho. A família e amigos decidem pela cremação do corpo, mas Gwen recupera o olho das cinzas, mas é quase atropelada, enquanto observa os pais de Eugene novamente reunidos. Eugene empurra Gwen para evitar o seu atropelamento, e ele realmente faz isso, mesmo sendo etéreo! Aliás, ele torna-se visível, para espanto de todos, e descobre que ele não pode ficar com o olho no seu corpo. Aquele período que ele ficou tinha servido a um propósito superior, e era hora de partir. Ele beija Gwen e é banhado numa luz branca, e desaparece.

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Depois do episódio Love and Monsters, de Doctor Who, há um medo de que um episódio na perspectiva de outro personagem que não os protagonistas... Vá dar caca. Já erraram a mão uma vez, podem errar a segunda. Mas felizmente não erram feio, e o episódio (esse aqui) sai-se melhor do que o primeiro. Tá, não é um primor de história, é todo contado na perspectiva da vítima, e não tem alienígenas (e segundo o Owen, não deveria ter envolvimento de Torchwood no caso). Mas é divertido, apesar do mesmo modelo, de episódio meio investigativo, meio etéreo. E de algumas coisas mal encaixadas.
A metáfora do olho, por exemplo, é curiosa, mas não é clara sobre a que veio: Esperança? Perspectiva nova? O olho e a Terra? E também, por que Eugene está vagando pela terra, antes de desaparecer e ir... Embora? Era o papel dele reaproximar os pais? Vendo-o, é impossível não pensar em Ghost: Do outro lado da vida, e simpatizar-se com Eugene, e suas conclusões nerdianas ("(...) 568 km de cabelo durante a vida toda..."), e ver uma semelhança descarada com o personagem de Patrick Swayze.
Uma coisa complicada em Torchwood é que em cada episódio, o foco é em um personagem. Já tivemos Jack, Gwen, Ianto, Tosh... Mas não centra em um tema e segue em frente. Nesse, por exemplo, ficou meio solto. Para quem gosta do modelo episódico, com histórias auto-contidas, funciona bem. Quem prefere o estilo novelão, vai sentir-se incomodado.
Vamos às curiosidades:

• Originalmente o episódio chamava-se "Invisible Eugene", mas felizmente mudaram o nome a tempo, duas semanas antes do lançamento.
• As músicas "Starman", do David Bowie (também conhecida pelos brasileiros como a melodia de "Astronauta de Mármore" do Nenhum de Nós), e "Hope There’s Someone" do Antony and the Johnsons são executadas nesse episódio.
• O pai de Eugene canta "Danny Boy" no funeral do filho.

Tem mais outras, mas não as considero realmente relevantes. E na semana que vem, um episódio mais centrado no Owen, e também sem alienígenas. Mas também muito interessante. Até lá!