Um documentário sobre o cotidiano dos funcionários da empresa de papel Dundler & Miffin, mais especificamente na filial de Scranton, Pennsylvania. Câmeras acompanham o dia-à-dia dos funcionários in loco, e também fazem entrevistas individuais. E nesse inteirim, a matriz avisa que a filial será fundida com outra em Stanford, e que haverão cortes - o famoso downsizing.

Poderia ser real e interessante, mas é bem melhor do que isso. O piloto de The Office começou como, na realidade, a refilmagem de uma série inglesa de mesmo nome. Embora é fato conhecido que refilmagens de material estrangeiro (mesmo em inglês) sejam comuns na terra do Tio Sam, esta série se tornou algo muito além da proposta original, e ganhou uma identidade própria. Afinal, quem inventou mesmo o modelo corporativo atual?

Aqui somos apresentados ao gerente regional Michael Scott (brilhantemente interpretado por Steve Carell), um chefe que resume de uma forma única (e quase exagerada) tudo o que todo chefe é: um sujeito que tenta ser descolado, e acredita ser amigo de todo mundo, mas consegue (deliberadamente ou não) acuar seus funcionários. É incrível como ele consegue juntar dois extremos em uma só personna. Já neste episódio, ele resume perfeitamente isso na clássica cena em que tentar fazer uma brincadeira no estilo do programa "The Jamie Kennedy Experiment" e vai além do que o bom gosto prega - mas não do gosto do espectador.

Embora todo o escritório tenha exemplos impecáveis dos tipos que se encontra em qualquer empresa, alguns já começam a se destacar junto com Michael. É o caso de Pam Beesly, a recepcionista da empresa que tem de aguentar os absurdos de Michael. Também temos Jim Halpert, da área de vendas, uma voz mais sensata mas também um piadista incorrigível. Já neste piloto é possível perceber a tensão entre Pam e Jim, especialmente na presença do noivo de Pam, Roy, que trabalha no armazém da Dundler & Miffin.

A última figura de destaque é Dwight Schrute, também vendedor e vizinho de mesa de Jim. Aqui no piloto percebemos apenas um pouco do potencial deste "evil nerd" e puxa-saco oficial de Michael (por várias vezes ele se declara Gerente-Assistente, quando é só assistente do gerente). Seu jeito metódico e decoroso se tornará o charme da série. E também o faz alvo principal das brincadeiras de Jim - aqui temos a icônica brincadeira do grampeador.

Mesmo ainda "conectado" ao seu equivalente britânico, já e possível vislumbrar no piloto muito do que a série vai se tornar do futuro. E impossível não sorrir com a cena final e a brincadeira de Jim.